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Observações aleatórias sobre roteiros

Esse post agrega algumas observações aleatórias que desenvolvi sobre roteiros e ele está sendo aceito nesse blog, apesar de ser meio fora de tema, porque o blog é meu e serve como um registro de minhas aventuras “técnicas”.

Personagens inteligentes

Quando um roteirista quer fazer um personagem que erra muito, basta ter a preocupação de fazer o personagem errar ocasionalmente e ele pode até revisar o roteiro sem interferir muito na história. Quando um roteirista quer fazer um personagem que acerta muito (e bem), ele tem que tomar cuidado extra para ter certeza que as decisões de seu personagem, dentre as várias disponíveis (mais conteúdo para analisar), são as melhores. Ocorre algo parecido quando o roteirista quer fazer um personagem inteligente e isso é um desafio maior ao roteirista.

A solução que considero mais porca (opinião pessoal) para resolver o problema do personagem inteligente é usar estereótipos. Se ele vier de uma novela brasileira da década passada, tudo que torna-se necessário é fazer o personagem usar óculos, ser impopular com as pessoas e tirar notas altas no colégio (pois o colégio é a única maneira de ser inteligente?!).

Uma outra solução para resolver o problema do personagem inteligente é simplesmente não fazer. Se há alguma coisa que você não é capaz de produzir bem, então não produza! Informe que o personagem é inteligente (preferencialmente de forma sútil e somente se necessário) e pronto! Foque sua história nos pontos onde você é bom e o resultado deve agradar. Essa é uma técnica que pode até parecer preguiçosa, mas funciona para vários problemas, não só “o problema do personagem inteligente”.

E minha solução preferida para o problema do personagem inteligente é uma forma alternativa de enxergar a situação. Você pode fazer o personagem tomar decisões inteligentes em pouco tempo, mas você, o roteirista, está em vantagem sobre o personagem, pois você, roteirista, tem bem mais tempo que seu personagem para pensar em uma solução inteligente. Você também pode fazer seu personagem tomar decisões realmente inteligentes utilizando recursos limitados, pois você, roteirista, pode em um determinado momento ter acesso a internet em um momento que seu personagem não o tem. Vendo dessa forma, você já está em vantagem sobre o seu personagem (sem nem precisar ser inteligente!) e além disso pode investir tempo para se tornar inteligente! Se ainda estiver em dúvida se realmente está em vantagem sobre o seu personagem, lembre que você controla o cenário onde ele vive e tem mais informações que o mesmo (mas tem que tomar cuidado com isso para não fazer o personagem agir de forma incoerente com o que ele próprio conhece).

Experiências de roteiro

Essa parte do post pode ser um lixo, pois é nela que comento sobre o meu “envolvimento profissional” com roteiros e ela é um lixo justamente por o meu envolvimento não ser realmente “profissional”.

Uma das minhas experiência com roteiro está sendo em um projeto coletivo de coletânea de contos (ainda fechado) e algo que posso dizer sobre essa experiência é que é legal ter alguém para apontar seus defeitos e destacar o seu estilo. Auto-consciência sobre sua própria obra é uma forma de avaliação e, tendo uma avaliação, torna-se mais fácil decidir um plano, pois você sabe exatamente suas carências e o que precisa ser melhorado (ou de repente não melhorar e atacar o estilo no qual você já é bom).

Outra experiência de roteiros que estou tendo é com o roteiro de um jogo que estou fazendo junto a um amigo e o que posso comentar sobre essa experiência é que ela é bem desafiadora, exigindo bastante esforço, e que o roteiro pode influenciar bastante no estilo do jogo. Caso tenha muitos personagens principais jogáveis no seu roteiro, pode ser interessante criar um jogo de estratégia ou guerra, mas se tiver poucos, pode ser mais interessante adotar um estilo que foque em um grupo fechado, como um jogo de RPG. Se a história não for tão interessante e bastante previsível, talvez seja melhor desistir do tema de RPG e mudar para o gênero de ação. Mas esses são só exemplos “cagados”, pois não há regras para roteiros e um roteiro inovador pode funcionar em um gênero no qual tal estilo de roteiro é incomum.

A última experiência que estou tendo com roteiros é para o blog nuux e posso dizer que essa está sendo uma das experiências de roteiro com maior impacto na minha forma de ver o mundo, pois tirinhas são um tema que trazem o desafio de abordar em pouquíssimos quadrinhos ideias nas quais o leitor possa se identificar e, ao mesmo tempo, o faça rir. O maior desafio é entregar um trabalho que atenda a todos esses requisitos em apenas pouquíssimos quadrinhos. Eu ando pela rua e às vezes fico pensando em uma ideia na qual as pessoas lá possam se identificar e que possa gerar algum resultado em apenas 3 ou 4 quadros. Bem desafiador.